O software devorou o mundo e a IA está digerindo

Em um famoso artigo do Wall Street Journal de 2011, Marc Andreessen explicou por que naquela época o software estava devorando o mundo. A evolução acelerada da tecnologia de software impulsionava o crescimento dos negócios digitais. Seguindo os exemplos dos gigantes da Internet, algumas empresas da velha economia estavam se moldando como empresas de tecnologia.

Vamos voltar um pouco mais… Em 2002, a Amazon enfrentou uma barreira de complexidade. O tamanho de sua página inicial atingiu 800MB e levava de 8 a 12 horas para compilar. Jeff Bezos emitiu um mandato relativo a APIs, que mudou profundamente a forma como o software era criado e como a empresa era organizada.

  1. Todas as equipes deverão expor seus dados e funcionalidades por meio de interfaces de serviços.
  2. As equipes devem se comunicar entre si através dessas interfaces.
  3. Não será permitida qualquer outra forma de comunicação entre processos: sem links diretos, leitura direta do armazenamento de dados de outra equipe, sem modelo de memória compartilhada, nenhum tipo de backdoor. A única comunicação permitida é por meio de chamadas de interface de serviço pela rede.
  4. Não importa qual tecnologia seja utilizada. HTTP, Corba, Pubsub, protocolos personalizados – não importa.
  5. Todas as interfaces de serviço, sem exceção, devem ser projetadas desde o início para serem externamente acessíveis. Ou seja, a equipe deve planejar e projetar de forma a poder expor a interface para os desenvolvedores do mundo externo. Sem exceções.
  6. Aqueles que não seguirem esta regra serão demitidos.
  7. Obrigado; tenha um bom dia!

Ao mudar para a modularidade com APIs, a Amazon se posicionou bem para abrir suas capacidades de distribuição e logística para fornecedores terceirizados. A natureza de autoatendimento da plataforma facilitou para os fornecedores venderem e distribuírem seus produtos eliminando atritos. Isso ajudou a Amazon a competir contra o eBay, alavancando um modelo de negócio diferente.

Desde aquela época o software e o hardware representam uma parte crescente dos produtos e de suas operações de suporte. A arquitetura de software, a arquitetura de produto e a arquitetura de operações devem ser estruturadas de maneira simultânea.

Neste cenário em constante mudança, é essencial que as empresas se adaptem e inovem, reconhecendo o papel cada vez mais importante que o software desempenha em todos os aspectos de suas operações. Afinal, como Andreessen apontou, o software estava realmente devorando o mundo e a Inteligência Artificial (IA) nesse momento está fazendo a digestão. kkk

A IA é a força motriz por trás da transformação digital, permitindo que as empresas processem grandes volumes de dados e obtenham insights valiosos. Ela está automatizando tarefas, otimizando processos e possibilitando novos modelos de negócios. A IA está mudando a maneira como interagimos com o software, tornando-o mais intuitivo, personalizado e eficiente. Assim, a IA não apenas ajuda o software a ‘devorar’ o mundo, mas também a ‘digeri-lo’, transformando dados brutos em informações úteis e acionáveis que impulsionam o progresso e a inovação.

Avançando ainda mais nessa discussão, a IA generativa ocupa um lugar de destaque nesse processo de “digestão”. Esse ramo da IA, que inclui modelos de linguagem como ChatGPT, tem a capacidade de gerar novos conteúdos a partir de dados existentes. Isso significa que a IA generativa pode criar desde artigos e relatórios até designs de produtos e códigos de software, ampliando ainda mais o alcance e a eficiência do software. Além disso, a IA generativa pode aprender e se adaptar a estilos específicos, permitindo uma personalização sem precedentes.

Nesse sentido, a IA generativa não só contribui para a “digestão” do mundo pelo software, mas também para a sua “metabolização”, transformando dados em novas formas de criação e inovação.

A liberdade na agilidade

Vamos mergulhar no mundo do Disciplined Agile (DA), uma abordagem híbrida e agnóstica que combina centenas de estratégias e práticas do Agile, Lean e tradicionais para orientar você a encontrar o seu WoW (Way of Working) a melhor maneira para seu time ou organização trabalhar. Esse post está recheado de links que direcionam para assuntos específicos no site do Disciplined Agile. Tem muito conteúdo bacana e útil lá. Aproveite!

DA é sobre ser pragmático e reconhecer que existem ótimas ideias tanto na comunidade Agile quanto na comunidade tradicional. Devemos mostrar um pouco de humildade e respeitar pelo fato de que a comunidade tradicional construiu muita coisa boa e tinha algumas ideias ótimas.

A verdadeira agilidade vem da liberdade, não de um único framework

O DA é um Toolkit e não um framework! É uma caixa de ferramentas que permite a você escolher e evoluir uma forma de trabalhar adequada ao seu propósito, que seja a melhor para você, dada a situação que está enfrentando. Em vez de prescrever um conjunto de “melhores práticas”, o DA ensina como escolher e evoluir um WoW baseado em praticamente todos os frameworks mais populares, incluindo XP, Scrum, Kanban e SAFe.

Scott Ambler, um dos criadores do DA, enfatiza que é preciso permitir que os times evoluam seu ciclo de vida ao longo do tempo. Por exemplo, um time que começa com o ciclo de vida ágil (Agile Lifecycle) baseado em Scrum pode começar a adotar maneiras mais enxutas (Lean Lifecycle) de trabalhar, com práticas do Kanban e práticas de integração contínua e implantação contínua (Disciplined DevOps), e eventualmente evoluir para um ciclo de vida de entrega contínua ágil ou lean (Continuous Delivery Agile Lifecycle / Continuous Delivery Lean Lifecycle).

Ele reforça que, DA é sobre fazer escolhas inteligentes e experimentar práticas para ver o que funciona melhor para o time e que eles experimentem uma prática por algum tempo para ver se ela realmente funciona bem para eles.

Por que ágil disciplinado?

Sobre isso, Scott Ambler, destaca que o ágil disciplinado é necessário porque cada time é único e enfrenta uma situação única, portanto, precisa ter sua própria maneira de trabalhar e as organizações precisam permitir e habilitar os times, para obter a verdadeira agilidade.

  • O DA começa onde você está. Sua organização fez um grande investimento em sua maneira atual de trabalhar (WoW), e com o DA você pode evoluir sobre esse investimento.
  • O DA permite que você melhore cada vez mais. O DA está focado em ajudá-lo a aprender e transformar sua organização em uma organização que aprende, através da melhoria contínua guiada. Ao invés de simplesmente fornecer uma coleção de “melhores práticas” que podem não ser aplicáveis ao contexto da sua organização.
  • O DA fornece uma base sólida para a agilidade organizacional. Pessoas e times em toda a sua organização, independentemente da função de negócios, podem se beneficiar de orientações diretas para otimizar seus processos. O DA aborda toda a empresa, não apenas o desenvolvimento de software.
  • A maneira de pensar ágil disciplinada do DA, é capturada na forma de princípios, promessas e diretrizes. Os agilistas disciplinados acreditam nesses princípios, por isso adotam esses comportamentos e seguem essas diretrizes de maneira sensível ao contexto.

Verdadeira agilidade em escala

Os frameworks ágeis em escala tendem a ter uma visão bastante estreita do que significa agilidade em escala, escolhendo focar na agilidade de um programa para o desenvolvimento de um produto baseado em software ou na aplicação da agilidade em todos (ou pelo menos na maioria) dos times de software de sua organização. Embora esse seja um bom ponto de partida, ele claramente não é suficiente. O que dizer dos times que não estão focados no desenvolvimento de software? E os times que estão em situações mais simples?

O contexto importa

O Disciplined Agile (DA) fornece orientações diretas para ajudar as organizações a otimizar seus processos de maneira sensível ao contexto, fornecendo uma base sólida para a agilidade dos negócios, fornecendo maneiras de avaliar os fatores que impactam a escalada da agilidade no contexto da sua organização.

Fonte: A Solid Foundation for Business Agility with Disciplined Agile https://www.pmi.org/disciplined-agile/

Para saber mais: Faça os cursos oficiais de Disciplined Agile com a JUMP http://jump.bhz.br

Arquitetura Ágil na Era Digital: Desafios e Vantagens

Na era digital em constante evolução, a arquitetura ágil emerge como uma abordagem revolucionária para impulsionar a inovação e a entrega contínua. Com a comunicação assíncrona e o uso de microserviços, essa abordagem desafia as limitações impostas pelas antigas práticas de compartilhamento de bancos de dados e bibliotecas. Neste post, vou explorar os desafios e vantagens da arquitetura ágil e como ela está moldando o cenário atual. Vamos juntos!

A arquitetura ágil na era digital se baseia na comunicação assíncrona, em que mensagens ou eventos conectam serviços por meio de protocolos eficientes, como o de publicação e assinatura. Essa abordagem rompe com as práticas antigas de compartilhamento de bancos de dados e bibliotecas, permitindo maior flexibilidade e independência entre os serviço

Uma das principais vantagens da arquitetura ágil é a liberdade na escolha das ferramentas e da stack de desenvolvimento. Sem restrições impostas por padrões tecnológicos obsoletos, a inovação ganha espaço para florescer. As equipes têm a autonomia de decidir quais ferramentas utilizar, resultando em uma entrega contínua mais eficiente e alinhada com as necessidades do negócio.

Além disso, os serviços podem ser testados e implantados de forma isolada, facilitando uma implementação rápida e contínua. A capacidade de containerizar facilmente esses serviços contribui para agilizar ainda mais o processo de implantação e permite uma escalabilidade mais eficiente.

No entanto, a decomposição de um domínio em serviços requer um profundo conhecimento dos fluxos de valor, para delimitar os domínios de negócio. A exposição de APIs eficientes e escaláveis é um desafio crucial nesse processo. Aqui é onde entra o “Domain-Driven Design” (DDD) de Eric Evans, uma abordagem amplamente adotada que oferece um conjunto de processos e práticas para modularização eficaz de sistemas complexos.

A arquitetura ágil está transformando a maneira como as empresas desenvolvem e entregam software na era digital. Ao romper com as práticas tradicionais, ela proporciona maior flexibilidade, autonomia e eficiência no processo de desenvolvimento. No entanto, é importante lembrar que não existe uma abordagem única para todos os casos. O conhecimento do contexto e a compreensão das necessidades do negócio são, mais do que nunca, os fatores críticos para o sucesso.

Para saber mais:
The Open Agile Architecture™ Standard https://publications.opengroup.org/c208
DDD Crew https://github.com/ddd-crew

Os 7 princípios do Lean para desenvolvimento de software e os mitos que você deve evitar com todas as forças

O Lean tem se tornado cada vez mais popular no desenvolvimento de software entre as empresas que buscam entregar produtos com alta qualidade e valor aos clientes.

No entanto, ainda existem muitos mitos e equívocos que podem prejudicar o sucesso dos times ágeis. Nesse post, vamos desmistificar os mitos relacionados aos 7 princípios do Lean para desenvolvimento de software, que você deve evitar com todas as forças.

Vou citar cada um dos princípios do Lean e um mito relacionado a ele. Ao seguir os princípios do Lean, as equipes de desenvolvimento podem alcançar resultados significativos em termos de eficiência e satisfação do cliente.

Então, vamos lá!

Princípio 1: Eliminate Waste (Eliminar Desperdício)

Mito: Mais especificações no início do projeto reduzem o desperdício.

Alguns times acreditam que ter muitas especificações no início do projeto pode ajudar a eliminar o desperdício, pois todas as necessidades e requisitos já estarão documentados. No entanto, isso pode levar a uma abordagem de “big design upfront”, que pode levar a muitas especificações desnecessárias ou imprecisas, desperdiçando tempo e recursos.

Princípio 2: Build Quality In (Construir a Qualidade):

Mito: Testadores são responsáveis por encontrar defeitos.

Muitos times acreditam que é responsabilidade dos testadores encontrar e corrigir defeitos. No entanto, o objetivo do Lean é construir a qualidade desde o início, o que significa que todos os membros da equipe devem se esforçar para prevenir defeitos e encontrar soluções antes que eles aconteçam. Ressalto que bug, ou seja defeito, o que foi reportado depois de estar em produção. Os chamados “bugs internos” são acertos e parte do desenvolvimento.

Princípio 3: Create Knowledge (Criar Conhecimento):

Mito: Conhecimento é criado somente através de documentação.

Alguns times acreditam que criar documentação é a única forma de criar conhecimento, mas o Lean enfatiza a importância de aprendizado contínuo e comunicação efetiva. O conhecimento é criado através de experimentação, feedback e conversas entre membros da equipe.

Princípio 4: Defer Commitment (Adiar Compromisso):

Mito: Planejar é comprometer-se.

Alguns times acreditam que fazer um plano detalhado é se comprometer a seguir esse plano. No entanto, o Lean enfatiza a flexibilidade e a adaptação às mudanças. Em vez de se comprometer com um plano detalhado, a equipe deve se comprometer com os objetivos do cliente e trabalhar para entregá-los da melhor maneira possível.

Princípio 5: Deliver Fast (Entregar Rápido):

Mito: Pressa gera desperdício.

Alguns times acreditam que ter pressa para entregar o software pode gerar desperdício, pois não há tempo suficiente para fazer as coisas corretamente. No entanto, o objetivo do Lean é entregar valor ao cliente o mais rápido possível, sem sacrificar a qualidade. Isso significa que a equipe deve trabalhar de forma eficiente para entregar valor em ciclos curtos e frequentes.

Princípio 6: Respect People (Respeitar as Pessoas):

Mito: Trabalhar mais horas é a melhor forma de aumentar a produtividade.

Alguns times acreditam que trabalhar mais horas é a melhor forma de aumentar a produtividade. No entanto, o Lean enfatiza a importância de respeitar as pessoas e seus limites. Trabalhar excessivamente pode levar a problemas de saúde e estresse, o que pode diminuir a produtividade e a qualidade do trabalho.

Princípio 7: Optimize the Whole (Otimizar o Todo):

Mito: Otimizar partes individuais leva à otimização do todo.

Otimizar partes individuais do sistema não é suficiente para tornar todo o sistema eficiente, pelo fato das partes individuais estarem interligadas e afetarem umas às outras. Se apenas uma parte do sistema for otimizada, outras partes podem ser até prejudicadas, o que pode levar a problemas no sistema como um todo.

Bom, pra finalizar, é fundamental estar ciente desses mitos e trabalhar para superá-los, a fim de obter o máximo benefício do Lean no desenvolvimento de software.

Para saber mais…

Os mitos e princípios Lean foram extraídos do livro Implementing Lean Software Development, Mary and Tom Poppendieck, o meu livro preferido sobre Lean aplicado ao desenvolvimento de software em times ágeis.

Esses princípios fazem parte do treinamento DASM – Disciplined Agile Scrum Master da jornada ágil do PMI. Eu sou o instrutor desse treinamento pela JUMP TREINAMENTO PROFISSIONAL.

Mais informações sobre o Preparatório DASM da JUMP: https://www.jump.bhz.br/dasm

4 Tipos de Efeitos de Rede

Ao criar e gerenciar uma plataforma digital que conecta produtores e consumidores, é fundamental considerar os quatro tipos de efeitos de rede que ela pode gerar.

Em um mercado bilateral, os efeitos diretos surgem do impacto que os usuários de um lado têm sobre os outros usuários do mesmo lado. Por exemplo, os consumidores podem influenciar outros consumidores, enquanto os produtores podem afetar outros produtores. Já os efeitos indiretos surgem do impacto que os usuários de um lado têm sobre os usuários do outro lado – ou seja, os consumidores podem influenciar os produtores, e vice-versa.

É importante lembrar que esses efeitos podem ser tanto positivos quanto negativos, dependendo das regras e do design da plataforma. Por isso, é crucial entender como cada um desses quatro tipos de efeitos de rede funcionam para garantir o sucesso da plataforma.

Efeitos diretos positivos

A primeira categoria de efeitos benéficos, conhecida como efeitos diretos positivos, é composta pelos ganhos que a plataforma obtém ao aumentar o número de consumidores. Um exemplo desse efeito é o crescimento do Tinder, que se torna mais valioso à medida que o número de pessoas procurando relacionamentos se amplia.

As plataformas de jogos como o Xbox também experimentam um efeito positivo semelhante: quanto mais jogadores estiverem na plataforma, mais divertida ela se torna a experiência nos jogos em rede.

Os produtores também podem se beneficiam desses efeitos com o crescimento do número dos próprios produtores. Inicialmente isso pode parecer estranho, se olharmos para produtores isoladamente e apenas como concorrentes diretos. Em escala, os efeitos gerados são surpreendentes. É importante que isso seja gerenciado pela plataforma para não gerar efeitos negativos muito acentuados. Vejamos dois efeitos diretos positivos para produtores no iFood:

Aumento da visibilidade e relevância: Quanto mais produtores utilizam a plataforma iFood, maior será a visibilidade do produtor e a relevância dele na plataforma. O produtor de sanduíche da esquina é exposto no iFood junto com players como o Mac Donalds, por exemplo. Consequentemente o iFood torna produtores mais relevantes o que atrai mais produtores.

Redução de custos e melhoria da qualidade do serviço: Com um grande número de produtores, a plataforma iFood tem mais poder de barganha com fornecedores de serviços, como provedores de pagamento e de logística para entregas, o que pode levar a uma redução nos custos e melhoria da qualidade do serviço para todos os produtores.

Efeitos diretos negativos

Apesar dos efeitos diretos serem geralmente positivos, nem sempre é o caso. Em alguns casos, pode haver uma queda no crescimento dos números em um dos lados da plataforma. Por exemplo, no Uber, a medida que o número de motoristas aumenta em uma determinada região, os clientes são atraídos para a plataforma, o que é benéfico para a plataforma. No entanto, se o número de motoristas cresce demais, alguns motoristas podem ficar sem demanda por corridas.

Mas como o Uber lida com esse tipo de impacto negativo?

O Uber geralmente gerencia o impacto do excesso de motoristas em uma determinada região, aumentando os incentivos para que os motoristas se desloquem para áreas com maior demanda e diminuam sua presença em áreas saturadas. Outra solução é investir em novos serviços, como Uber EATs, para aproveitar a capacidade dos motoristas.

Efeitos indiretos positivos

Já os efeitos indiretos são aqueles em que tanto consumidores quanto produtores ganham ou perdem com base no número de usuários do lado oposto da plataforma.

É importante ressaltar que os efeitos indiretos positivos podem não ser simétricos em todos os casos. Por exemplo, no Uber, um único motorista é mais determinante para o crescimento do negócio do que um único passageiro.

No Twitter, a grande maioria das pessoas lê o que uma minoria escreve, enquanto em sites de perguntas e respostas como o Quora, a maioria do público pergunta, enquanto uma minoria fornece respostas.

Em resumo, o aumento do número de participantes do outro lado pode trazer efeitos indiretos positivos e benefícios ganha-ganha para os consumidores e produtores, mas é importante notar que esses efeitos podem não ser simétricos em todos os casos.

Efeitos indiretos negativos

É preciso considerar o lado sombrio das plataformas digitais, que pode trazer efeitos indiretos negativos.

Tomemos como exemplo uma plataforma que permite o compartilhamento de mídia digital, como música, texto, imagens e vídeos, como o YouTube. Embora o crescimento possa gerar benefícios para os consumidores, como um aumento na oferta de conteúdo, pode também levar a uma complexidade e a despesas cada vez maiores, como a necessidade de filtrar uma grande quantidade de conteúdos de acordo com as normas de direitos autorais e conteúdos impróprios com cunho sexual e violência, por exemplo.

Quando isso acontece, os efeitos indiretos positivos podem se tornar negativos, levando os consumidores a abandonar a plataforma ou a acessá-la menos. Da mesma forma, um excesso de mensagens comerciais pode prejudicar a experiência do usuário e afastar os consumidores, afetando o valor da plataforma.

No caso do Uber, existem efeitos indiretos negativos, que levam a aborrecimentos para os motoristas e passageiros, como um aumento no tempo de espera de um lado e ociosidade do outro. O ajuste das tarifas para incentivar o uso do serviço, aumenta a demanda por corridas e consequentemente, a necessidade de mais motoristas. É importante sempre considerar esses efeitos indiretos para o sucesso de uma plataforma digital.

Enfim, se você está pensando em criar uma plataforma que conecta produtores e consumidores, não subestime a importância dos efeitos de rede. Eles podem ser a chave para o sucesso da sua plataforma e para a fidelização dos seus usuários. Ao considerar os quatro tipos de efeitos de rede, você estará mais preparado para criar uma plataforma que realmente conecta e gera valor para todos os lados envolvidos.

Então, mãos à obra e boa sorte!

3 Camadas comuns das Plataformas Digitais

Hoje em dia, muitas empresas de todos os setores, estão apostando em plataformas digitais. Elas estão construindo suas próprias plataformas e se juntando a outras. Mas, mesmo sendo modelos de negócios plug-and-play que facilitam as interações, cada plataforma é diferente uma da outra. 

Por exemplo, temos Android, Salesforce e Facebook Connect como plataformas de software, Medium e WordPress como plataformas de blogs, e YouTube, Facebook e Instagram como plataformas sociais. Já Uber, Airbnb, iFood são plataformas bastante abrangentes, mas tem diferenças para atender seus clientes em seus nichos de mercado.

Tecnologias como Internet das Coisas e o Bitcoin tem suas plataformas, mesmo sem terem nada em comum. Mas, apesar de todas as diferenças, as plataformas têm três camadas comuns que emergem repetidamente: a camada de Rede-Marketplace-Comunidade, a camada de Infraestrutura e a camada de Dados. 

Camada Rede-Marketplace-Comunidade

A primeira camada de uma plataforma é onde a magia acontece: é onde a galera se conecta e interage. Nas redes sociais, a conexão é explícita, mas nos mercados, a interação pode ser mais sutil. O importante é que todos se beneficiem, mesmo que não estejam conectados diretamente.

Por exemplo, no Mint.com, a galera não precisa se conectar explicitamente, mas as análises financeiras de cada usuário são comparadas com as de outros usuários semelhantes. Isso cria uma comunidade implícita, onde todos se ajudam. Mas para que isso funcione, é preciso ter uma segunda camada: a infraestrutura. É ela que permite que a galera externa de produtores crie valor. E assim, todo mundo sai ganhando!

Camada de Infraestrutura

A camada de infraestrutura é tipo o alicerce de uma plataforma. Ela tem as ferramentas, serviços e regras que fazem tudo funcionar de forma fácil e intuitiva. Mas, sem os usuários e parceiros, ela não vale muita coisa. É como um bolo sem cobertura. Os produtores externos são tipo a cereja do bolo, eles constroem coisas incríveis em cima da infraestrutura.

No Android, tem milhões de aplicativos. No YouTube, tem um monte de vídeos legais. No eBay, tem uma infinidade de produtos disponíveis. Em algumas plataformas, como o Instagram, a camada de infraestrutura é mais fininha. Mas, em outras, como o Android, é super importante. O que importa mesmo é que a infraestrutura é o que permite que o valor seja criado. E quando tem muito valor sendo criado, pode ficar difícil pros consumidores acharem o que procuram. É aí que entra a terceira camada: os dados.

Camada de Dados

A última camada da plataforma é a camada dos dados. Todos os sites e apps usam dados de alguma forma. É através dos dados que a plataforma consegue juntar o que as pessoas querem com o que está disponível. A camada de dados é o que torna o conteúdo, produtos e serviços mais relevantes para cada usuário. Em alguns casos, os dados são a estrela principal da plataforma. O Nest, por exemplo, é um termostato que usa dados para criar valor. É incrível como os dados podem ser poderosos.

E aí, gostou de saber mais sobre as três camadas comuns das plataformas digitais? É incrível como, mesmo com tantas diferenças entre elas, essas camadas se repetem e são essenciais para o sucesso de qualquer plataforma. Se você está pensando em construir a sua própria plataforma, lembre-se de dar atenção especial a cada uma dessas camadas.

Se você já está usando uma plataforma, agora já sabe um pouco mais sobre como ela funciona nos bastidores. Então, vamos aproveitar as facilidades que as plataformas digitais nos oferecem e continuar explorando esse mundo cada vez mais conectado!

Livros de Clayton Christensen sobre inovação disruptiva, modelos de negócio e estratégias de plataforma

Clayton Christensen é autor de vários livros sobre inovação disruptiva, modelo de negócios e estratégias de plataforma. Dentre eles, podemos destacar:

O Dilema da Inovação (The Innovator’s Dilemma)

Este livro é considerado o mais importante de Christensen e aborda a temática da inovação disruptiva, mostrando como empresas bem-sucedidas podem ser derrubadas por concorrentes que surgem com tecnologias mais fracas, mas que atendem às necessidades dos clientes de forma mais eficiente.

O Dilema do Crescimento (The Innovator’s Solution)

Nesta obra, Christensen explora como as empresas podem crescer e se manter competitivas em um mercado cada vez mais disruptivo. Ele apresenta estratégias para desenvolver novos produtos, criar novos mercados e adotar modelos de negócios inovadores.

Como os Grandes Caem (How Will You Measure Your Life?)

Este livro não é diretamente relacionado à inovação, mas aborda temas como liderança, ética e propósito na vida pessoal e profissional. Christensen usa exemplos de empresas que fracassaram para discutir a importância de se manter fiel aos valores e objetivos pessoais e profissionais.

O DNA do Inovador (The Innovator’s DNA)

Neste livro, Christensen e seus coautores identificam as habilidades e comportamentos que os inovadores bem-sucedidos possuem em comum. Eles argumentam que a inovação não é apenas uma questão de criatividade, mas também de habilidades como observação, networking e experimentação.

Competindo contra a sorte (Competing Against Luck)

Este livro é uma colaboração entre Christensen e outros autores e aborda a temática da inovação centrada no cliente. Eles argumentam que, para criar produtos e serviços bem-sucedidos, as empresas precisam entender as necessidades e desejos dos clientes em um nível profundo e usar essa compreensão para criar soluções inovadoras.

Os livros de Clayton Christensen são uma fonte valiosa de conhecimento para quem busca inovar e revolucionar o mercado. Suas teorias sobre inovação disruptiva, modelos de negócio e estratégias de plataforma são fundamentais para o sucesso de empresas que desejam se manter competitivas e relevantes no mercado atual.

Não tenha medo de ousar e experimentar novas ideias, seguindo os ensinamentos de Christensen. Afinal, a coragem de inovar é o que pode levar sua empresa ao topo. Então, mãos à obra e comece a colocar em prática todas as lições aprendidas com os livros de Clayton Christensen!

O que podemos aprender sobre plataformas a partir da guerra entre Netscape e Internet Explorer na década de 90

Para buscar uma compreensão mais profunda sobre plataformas, vamos voltar à disputa dos navegadores Netscape e Internet Explorer (IE) na década de 90…

O Netscape foi o meu primeiro navegador Web, que eu usava para acessar a internet em 1993 quando entrei na universidade. Me lembro que o Netscape 2 tinha umas funcionalidades que hoje não fazem o menor sentido. Por exemplo, habilitar carregamento de imagens nas páginas Web. Sim, ele não carregava as imagens das páginas por default. Você podia habilitar o carregamento automático no acesso às páginas, se tivesse em uma conexão mais rápida. A conexão era discada na época e eu tinha a seguinte frase na minha assinatura de email: “A vida começa aos 14400!” O antigo acesso discadoera um inferno! kkk

Quando a Microsoft incluiu o IE no Windows todo mundo começou a utiliza-lo, apesar dele ser inferior ao Netscape. Mas, porque será que isso aconteceu? O que levou os usuários e os desenvolvedores a utilizarem o IE?

Para começar a entender, vejamos a definição de plataforma do criador do Netscape, Marc Andreessen:

Uma plataforma é um sistema que pode ser desenvolvido e personalizado pelos desenvolvedores externos – usuários – e dessa forma, adaptado a inúmeras necessidades e nichos que os desenvolvedores originais da plataforma não teriam nem como imaginar, muito menos ter tempo para atender.

Isso quer dizer que uma plataforma permite inúmeras possibilidades e inovações, e que toda a comunidade participe como protagonista da evolução dela, não apenas as pessoas de dentro da empresa.

Dito isso, o foco da Microsoft na sua plataforma Windows, foi o que impulsionou o IE e desbancou a liderança da Netscape. Mas, se você compara o IE com o Netscape no contexto da época, com o foco apenas nos navegadores como um produto e não dentro da plataforma Windows, a derrocada da Netscape não faz o menor sentido. Na época, em termos de negócio a Netscape era líder, e em termos técnicos, quanto à compatibilidade com os padrões W3C, desempenho e inovação, o navegador Netscape era superior. A incorporação do Javascript no navegador veio primeiro no Netscape, só para dar um exemplo. Portanto o motivo que tirou a liderança de 90% do market share do Netscape foi o que chamamos hoje de Efeito de Rede das plataformas. Acredito que os principais fatores para o efeito de rede que alavancou o IE foram:

  1. Disponibilidade ampla e free do IE no Windows, o IE já estava disponível no Windows 95, se fundiu ao SO e vinha free no Windows 98. Para o usuário acessar a Web era perfeito. Não precisava baixar nem configurar nada. No desenvolvimento ele foi integrado com as ferramentas da Microsoft. Para usar o Netscape você tinha de baixar, instalar e tentar configurar as ferramentas de algum jeito.
  2. Compatibilidade ampla do IE com a plataforma Windows, na época muitos sites começaram a ter versões que só abriam no IE, o que forçava os usuários a instala-lo, mesmo sendo usuários cativos do Netscape como eu, não tinha como fugir dele em alguns sites.

Esses fatores geraram o efeito de rede necessário para todo mundo passar a usar o IE em um espaço de tempo relativamente curto, impulsionando o IE e toda a plataforma Windows da Microsoft.

Vamos dar uma olhada na linha do tempo entre 1990 e 2007. Eu deixei de fora a batalha jurídica de propósito, pois a ação que acusava a Microsoft de monopólio pela incorporação do IA ao Windows, não impediu o avanço da plataforma Windows. Vamos lá!

O Netscape era o navegador líder entre os usuários desde meados de 1990 e em 1994 foi lançado o Netscape 2. Ele era rápido, fácil de usar e tinha recursos que outros navegadores da época não tinham. Mas o alarme soou na Microsoft em 1993. Ela também estava de olho nesse mercado, e lançou o Internet Explorer junto com o Windows 95. A partir daí, a competição começou a esquentar.

Em 1996, a Netscape lançou o Netscape 3, que foi um grande sucesso. Mas a Microsoft não ficou parada, e lançou o Internet Explorer 3.0 logo em seguida. A partir daí, a Microsoft começou a ganhar terreno, e em pouco tempo o Internet Explorer se tornou o navegador mais usado do mundo.

Em 1997, é lançado o Netscape 4, que tinha muitos recursos novos. Mas a Microsoft lançou o IE4 logo em seguida no próximo ano. Ele tinha ainda mais recursos do que o Netscape. Além disso, a Microsoft fundiu o IE com o Windows, o que fez com que muitos usuários nem precisassem baixar o navegador separadamente e era impossível desinstalá-lo.

Em 1998, a Netscape lança o Netscape 4.5 e disponibiliza o código fonte onpen-source como projeto Mozzila, mas o IE4 chega dominando o mercado, e a Netscape perde usuários a cada dia.

Em 1999 a AOL concretiza a compra da Netscape, mas não consegue salvar o navegador.

Em 2002, é lançado o Netscape 7, mas já era tarde demais. O IE já tinha se tornado o navegador padrão da maioria dos usuários, e a Netscape acabou se tornando um navegador de nicho da mesma forma que o Firefox, sua versão open-source.

Em 2007, a AOL descontinuou o Netscape de vez, encerrando uma era na história da internet.

Resumo da linha do tempo:

  • 1990: Netscape líder com 90% do market share.
  • 1993: Alarme soou na Microsoft.
  • 1995: Netscape 2 é lançado. IE surge no Windows 95. Microsoft sofre ação acusada de monopólio.
  • 1996: IE 3 é lançado com melhorias. Microsoft começa a ganhar terreno.
  • 1997: Netscape 4 é lançado com melhorias.
  • 1998: Netscape 4.5 é lançado. IE 4 se funde ao SO Windows 98, se tornando integrado, facilitando o acesso para os usuários e às ferramentas de desenvolvimento para desenvolvedores. Ele era free e impossível de desistalar. Código do Netscape é disponibilizado open-sorce como Mozzila e o navegador Firefox é disponibilizado free para download.
  • 1999: A Marca Netscape é comprada pela AOL.
  • 2002: Netscape 7 é lançado. IE é considerado líder.
  • 2007: Netscape descontinuado, AOL anuncia que não haverá novas versões do Netscape.

Para finalizar, resgatando a definição de plataforma do criador do Netscape, o poder das plataformas fica claro nessa guerra dos navegadores. Marc Andreessen sentiu na pele o efeito de rede, pois o fato do Netscape ser um produto de qualidade superiror não foi suficiente para garantir uma vantagem competitiva. O Netscape se tornou coadjuvante pelo impacto que a Microsoft gerou, com a sua estratégia focada na plataforma Windows, em todo o ecossitema na época. É por isso que devemos dar atenção especial às plataformas quando pensamos em estratégias de transformação digital das organizações.

10 Tipos de Plataformas Digitais

Ao definir uma estratégia de negócio de plataforma ou criar uma plataforma digital, é essencial entender as entidades envolvidas no seu ecossistema e a sua forma de monetização. Nesse post veremos os tipos de plataformas e suas entidades. As formas de monetização ficaram para um próximo post.

Entidades envolvidas em um ecossistema de plataforma

Primeiramente entenda que vc é o fornecedor da plataforma dentro de um ecossistema que a plataforma está inserida. Existem dois tipos básicos de entidades que são usuários da plataforma e outras entidades complementares. Por exemplo, um designer que lança uma nova roupa é um produtor e a pessoa que compra as roupas é um consumidor. O motociclista que entrega a roupa e uma entidade complementar.

  • Fornecedor da plataforma
    • Orquestra a co-criação de valor
    • Gerência a governança da plataforma
  • Produtores
    • Dono dos ativos
    • Provedor de serviços
  • Consumidores
    • Usuários dos ativos e serviços da plataforma
  • Complementares
    • Fornecem serviços que agregam valor aos serviços principais
  • Outros atores, Incumbentes, Sociedade, Reguladores, Criadores de politicas

Parece bem óbvio, mas em alguns tipos de plataforma existe sobreposição de personas e papeis adicionais.

Exemplos dos dois tipos básicos de entidades

Para entender esse conceito em detalhes, vamos analisar os 10 tipos mais comuns de modelos de negócio de plataformas digitais e as entidades envolvidas:

10 tipos mais comuns de modelos de negócio de plataformas digitais

1. Marketplace

Este é o tipo de plataforma mais comum e fácil de entender. Aqui, compradores e vendedores (produtores e consumidores) são duas entidades diferentes e se conectam usando a plataforma. Os compradores podem explorar vários produtos, compará-los e tomar uma decisão sobre a compra. Os vendedores podem demonstrar seus produtos a todos os compradores potenciais e interessados. Magazine Luisa, Amazon, eBay, Alibaba, Walmart e assim por diante são algumas das plataformas bem conhecidas desse tipo.

2. Mídias sociais

Todo mundo está familiarizado com as plataformas de mídia social hoje em dia. Elas são onde as pessoas se conectam, compartilham ideias e socializam virtualmente. Facebook, Twitter e LinkedIn são alguns exemplos de plataformas populares de mídia social. As plataformas de mídia social são um tipo de plataforma em que produtores e consumidores são iguais. Nessas plataformas, um usuário alterna entre ser um produtor e um consumidor dentro da mesma sessão e em alguns minutos. Por exemplo, quando um usuário está escrevendo um tweet, ele é o produtor, mas é o consumidor quando está lendo o tweet de outra pessoa.

3. Busca

Quando digo plataformas de mecanismos de busca, não existem apenas o Google e o Bing do mundo, mas podem ser um mecanismo de busca para uma categoria muito específica. Por exemplo, o Zillow é um mecanismo de busca de imóveis para compra ou aluguel, onde os consumidores podem procurar por propriedades, e o Indeed é um mecanismo de busca onde os candidatos procuram vagas de emprego. Existem duas entidades na categoria de plataforma de pesquisa específica. No Zillow, há proprietários e locatários, e no Indeed, há recrutadores e candidatos a emprego. Mas os mecanismos de busca de informações que são independentes de categoria, como o Google e o Bing, só têm consumidores, não há produtores específicos dessas informações.

4. Conteúdo e entretenimento

Nas plataformas de entretenimento e conteúdo, os criadores de conteúdo são produtores, e os usuários que transmitem e assistem ao conteúdo são consumidores. Em algumas dessas plataformas, a criação de conteúdo é restrita a artistas e especialistas e é controlada pelos proprietários da plataforma—por exemplo, GloboPlay, Netflix e Spotify. Mas existem plataformas onde a criação de conteúdo está aberta a todos e a qualquer pessoa—por exemplo, no YouTube, que também pode ser categorizado como uma plataforma de mídia social.

5. Conhecimento

As plataformas de compartilhamento de conhecimento e informações são semelhantes às plataformas de mídia social, na medida em que os produtores e os consumidores são os mesmos. Alguns exemplos comuns de tais plataformas de compartilhamento de conhecimento e informações são Hotmart, Coursera, Stack Overflow, Quora e Yelp. Quando um usuário faz uma pergunta ou responde a uma pergunta no Stack Overflow, ele é um produtor, mas quando está navegando e lendo soluções, ele é um consumidor. Da mesma forma, no Yelp, quando um usuário está adicionando uma avaliação, ele é um produtor, mas quando está navegando e lendo avaliações, ele é um consumidor. Já nas plataformas de cursos como Hotmart e Coursera temos os produtores de cursos e os alunos, que são os consumidores.

6. Serviços

Plataformas orientadas a serviços são aquelas em que uma plataforma permite a agregação de Provedores de Serviços (SPs) e os conecta aos consumidores. SPs são os produtores neste cenário. Exemplos clássicos desse tipo de plataforma são Uber, Airbnb, iFood e assim por diante. Essas plataformas crowdsource os SPs e os conectam aos consumidores certos. Plataformas como o iFood têm uma camada adicional; elas conectam três entidades em vez de duas, como visto na maioria dos tipos de plataforma. Eles conectam restaurantes, motociclistas e consumidores para a conclusão perfeita da entrega de comida.

7. Pagamentos

Todas as plataformas financeiras, como o PayPal, se enquadram nesta categoria. Eles facilitam a conclusão de uma transação processando o pagamento. A maioria delas opera com uma comissão ou taxa de transação. Semelhante ao DoorDash, as plataformas de transação têm três camadas ou conectam três entidades—compradores, comerciantes e bancos.

8. Comunicação

Plataformas de mensagens diretas e bate-papo, como WhatsApp, Slack, Skype e assim por diante, são exemplos populares e familiares de plataformas de comunicação. As funções e responsabilidades do produtor e do consumidor nas plataformas de comunicação são semelhantes às das plataformas de mídia social. O mesmo usuário atua como produtor ou consumidor, dependendo de sua ação.

9. Infraestrutura

As plataformas de infraestrutura fornecem recursos de hardware e computação para as organizações. As plataformas de infraestrutura cuidam da hospedagem, armazenamento, rede e outros hardwares e softwares essenciais necessários para criar e implantar qualquer aplicativo. Plataformas de computação em nuvem, como Google Cloud Platform (GCP), Amazon Web Services (AWS) e Azure, são os players mais populares e dominantes desse tipo.

10. Desenvolvimento

Todos os sistemas operacionais são categorizados como plataformas de desenvolvimento. Alguns são controlados e fechados, como Windows e Apple App Store, enquanto outros são de código aberto, como Android e Linux. Além dos sistemas operacionais, plataformas construídas para acessar dados por meio de Interfaces de Programação de Aplicativos (APIs) ou plataformas que permitem diferentes aspectos de desenvolvimento de software também podem ser classificadas como plataformas de desenvolvimento. Criadas para acessar dados por meio de Interfaces de Programação de Aplicativos (APIs) ou plataformas que permitem diferentes aspectos de desenvolvimento de software também são classificadas como plataformas de desenvolvimento.

Conforme descrito nesses 10 tipos diferentes de modelos de negócio de plataforma, é necessário projetar com os dois tipos de usuários básicos em mente e considerar que pode existir plataformas onde os produtores também são consumidores. A abordagem e o design desses tipos de plataformas onde produtores e consumidores são os mesmos, se diferem dos de uma plataforma onde eles têm duas personas distintas.

Agile na Capital One: a polêmica sobre as demissões

Capital One

Primeiro vamos aos fatos.

Conforme anunciado pela Bloomberg em 19 de janeiro de 2023, e no The Register em 20 de janeiro de 2023 a Capital One cortou, entre outros cargos de tecnologia, alguns papéis de agilidade como Agile Coaches, Scrum Masters.

Vejamos alguns trechos de declarações da empresa:

“Em 19 de janeiro, a Capital One cortou 1.100 cargos de tecnologia, disse uma fonte familiarizada com o assunto à Bloomberg – a Capital One não confirmou o número de cargos que seriam cortados, embora um porta-voz tenha dito à Forbes que os funcionários afetados foram informados de que poderiam se candidatar a outras funções na empresa.”

A empresa disse ao The Reg que sua organização de tecnologia “não estava se afastando do Agile e continuará a usar metodologias Agile para entregar software”, acrescentando: “essa mudança reflete como os processos ágeis se tornaram parte de nossas principais práticas de engenharia.

“O papel Agile em nossa organização de tecnologia foi fundamental para nossas fases de transformação anteriores, mas conforme nossa organização amadureceu, o próximo passo natural é integrar os processos de entrega ágil diretamente em nossas principais práticas de engenharia.”

“Com a mudança desta semana, a empresa está eliminando cargos focados na chamada Agile Delivery de tecnologia. Em vez disso, espera-se que engenheiros e gerentes de produto usem rotinas ágeis naturalmente.”

“A Capital One continua comprometida em recrutar os melhores talentos, incluindo investimentos contínuos no recrutamento de novos profissionais e contratações de campus. Nossa organização de tecnologia está recrutando ativamente para uma variedade de posições, incluindo funções de engenharia focadas em nuvem, dados, aprendizado de máquina e segurança cibernética, bem como como Gerentes de Produto.”

Acredito que no caso da Capital One especificamente, nao se trata de estarem demitindo o Agile da empresa. Como foi dito, eles estão reestruturando após uma primeira transformação ágil, talvez “by the book”, para que nessa próxima fase a agilidade esteja mais integrada a todos os processos e ao Gerenciamento de Produtos.

Confesso que fiquei curioso em conhecer mais a fundo essa nova fase e não me parece um enfraquecimento da agilidade. pelo contrario. Vejo que é um ganho de consciência, um entendimento do contexto da empresa com o objetivo de criar um sistema de trabalho que funcione melhor, mais alinhado ao negócio dela.

Essa consciência corporativa é um dos princípios importantes para o sucesso das iniciativas de transformação ágil nas organizações.

Big Techs estão demitindo

É fato. A Forbes publicou uma lista dos layoffs das BIG TECHs em 2023. Isso inclui IBM, Microsoft, Google, Spotify, Amazon, Facebook (Meta) entre outras outras.

Nesse cenário mais amplo de demissões, minha opinião é que estamos em um momento de recessão pós-COVID, que desencadeou reduções de quadros em diversas Big Techs e não me parece que termina por aqui. A maior motivação é à diminuição da demanda por serviços digitais após a pandemia, devido ao término dos períodos de lock-down pelo mundo.

Portanto, como é fato que não é apenas a Capital One que está demitindo e essas demissões não me parecem focadas em um ponto específico passando longe de ser culpa do Agile, sejamos mais coerentes e vamos olhar para o futuro. Essa polêmica não tem fundamento.

Acredito que as empresas que fizeram o para-casa, se transformando rumo a agilidade de negócios, tem um modelo operacional ágil com mais capacidade de responder às oscilações do mercado nesse momento de recessão.

E você, o que vc acha?